sexta-feira, 12 de abril de 2013

Carta Capital revela o desmonte da Embrapa em favor das multinacionais do agronegócio

Reportagem da revista Carta Capital, intitulada “Um tesouro dilapidado”, revela o desmonte da Embrapa para favorecer as multinacionais do agronegócio. Atuação do SINPAF, afirma o texto, ajudou o governo a descobrir irregularidades e afastar o ex-presidente. A matéria, publicada na edição dessa semana e assinada pelo repórter André Barrocal, mostra como a Embrapa tem perdido espaço para multinacionais como Monsanto (Estados Unidos) e Basf (Alemanha) no comércio de mudas e sementes, um negócio que beira os R$ 10 bilhões anuais. A redução desse papel estratégico da empresa trouxe duas consequências graves: produtores, pequenos ou grandes, cada vez mais dependentes das empresas estrangeiras e falta de regulação nos preços dos alimentos, que pode afetar a soberania alimentar da população. Na matéria, o próprio presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, reconhece a situação. “O problema é sair completamente do mercado e permitir a concentração nas multinacionais”, admite. SINPAF sai em defesa do interesse público A reportagem explica que a gestão pró-multinacionais na Embrapa ganhou força a partir de 2007, sob o comando de Pedro Arraes, que “trabalhou para o Estado brasileiro não atrapalhar os negócios privados, via concorrência, nem dar munição para ataques aos transgênicos e aos agrotóxicos das transnacionais, que empurram a produtividade nas fazendas”. Reflexo dessa postura subalterna foi oprimir fortemente a atuação do SINPAF, que criticava a gestão, e censurar a liberdade de opinião dos trabalhadores da empresa. A reportagem cita, por exemplo, as circulares internas emitidas por Pedro Arraes proibindo pesquisadores de dar entrevistas e participar de debates sem autorização prévia da chefia. “A censura tinha caráter ideológico. Muitos pesquisadores acreditam que sua tarefa é desenvolver tecnologia para ajudar o campo a plantar, de olho no mercado interno, alimentos saudáveis, que não agridam (diretamente ou por meio de agrotóxicos que requerem) o meio ambiente e a saúde. Resistem à ideia de gastar energia para descobertas que sirvam apenas aos interesses dos grandes exportadores de monoculturas”, afirma outro trecho da matéria. De acordo com o texto, a denúncia do SINPAF de que o então presidente Pedro Arraes planejava a criação de uma filial da empresa nos EUA, para facilitar o acesso estrangeiro ao banco genético e afrouxar ainda mais a relação comercial com as múltis, foi o estopim para as saída dele do comando da estatal. Para o SINPAF, a abertura da filial, projeto chamado Embrapatec (Embrapa Tecnologia SA) foi a forma encontrada para colocar o interesse público simplesmente à serviço do mercado internacional do agronegócio.

Um comentário:

  1. Falta pouco para que se instale a grande crise institucional na EMBRAPA. Já foi tarde; demorou. O problema é que a crise vai se tornar mais crítica na medida da teimosia de se manter no exaurido modelo atual.
    Temos visto algumas publicações recentes que celebram o tal do modelo inovador da EMBRAPA. Neles os autores jogam ao vento a defesa da sistemática celetista na EMBRAPA (Consolidação das Leis do Trabalho - 1943) como suposto de moderna flexibilidade de gestão.
    A CLT se inspirou no Fascismo Italiano, em regime de exceção, de força e de exclusão.? Ficamos a nos perguntar o quão ignorantes em administração pública, ou se tão cretinos os que acham que mentira tem pernas longas.
    Flexibilidade de gestão e CLT se resume à liberdade da falta do controle público, em favorecer a imoralidade, a prevaricação e o patrimonialismo na coisa pública.
    É o modelo dos nepotistas. Dos que capturaram a EMBRAPA em seu favor. Dos que deixaram os companheiros permanentemente ameaçados pelo fantasma do desemprego como instrumento de dissuasão.
    Dos que defendem a idéia de contratar sem concurso e demitir ao bel-prazer. Se forçado ao concurso, não publicá-lo no Diário Oficial da União para não dar transparência – que é princípio constitucional, o da publicidade.
    É o modelo dos que negam o direito de opinião, dos que acham que a previdência é um favor concedido aos funcionários e que eles, em contrapartida, devem ajudar a encher os cofres da CERES.
    Dominação e exclusão não é coisa inovadora, é coisa antiga. E agora vêm querendo se renovar nestes discursos vazios de lógica para fazer valer a internacionalização e a cartelização da agricultura brasileira por grupos estrangeiros.

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